Medo de não engravidar é uma preocupação frequente entre as mulheres que optam por ter o primeiro filho após os 30 anos.
Quando se toma a decisão de engravidar, qualquer demora já provoca ansiedade. É bastante comum encontrar um casal que, após decidir que chegou hora de ter um filho, se surpreenda com a demora da concepção – situação que acaba gerando uma maior preocupação para quem deseja ser mãe após os 30 anos.
De acordo com o ginecologista e obstetra do Hospital Nossa Senhora das Graças, Dr. Francisco Furtado Filho, a gravidez na faixa dos 30 aos 40 anos é uma escolha muito comum das mulheres e tem aumentado nos últimos anos. “É uma tendência mundial”, afirma o médico. Os fatores envolvidos nessa decisão são diversos – a busca por estabilidade profissional, espera por um relacionamento estável, o desejo de atingir segurança financeira ou, ainda, a incerteza sobre o desejo de ser mãe”, relata.
Do ponto de vista médico o período dos 20 a 30 anos é a idade ideal para engravidar, porque após os 30 a taxa de fertilidade cai. Ao contrário dos homens, que produzem espermatozoides durante toda a vida, a mulher já nasce com todos os óvulos “prontos”. Com o tempo, os óvulos e os próprios ovários envelhecem. “Dos 45 aos 49 anos, a probabilidade de a mulher engravidar naturalmente é de 3 % a 4 % e a partir daí , a chance cai para 1 %”, acrescenta Dr. Francisco.
Mas às vezes não é só o fator idade que pode comprometer a tentativa de engravidar. É necessário investigar as causas. A endometriose, por exemplo, é responsável por cerca de 40% das causas femininas da infertilidade. “Em algumas pacientes ela se manifesta apenas discretamente, com leve aumento na intensidade das cólicas menstruais. Em outras, pode ser um martírio, com dores fortes e sangramentos abundantes. Em qualquer uma das situações, seja qual for o grau de endometriose, a fertilidade pode estar comprometida”, explica o médico. Além disso, problemas decorrentes de miomas uterinos, doenças sexualmente transmissíveis e estilo de vida também são causas que influenciam quando o assunto é dificuldade de engravidar. “Preconiza-se que mulheres até os 35 anos de idade que não engravidam em 12 meses de exposição à gravidez deverão iniciar investigação, inclusive do marido/parceiro. Após os 36 anos não aguardamos mais do que 6 meses”, informa o médico .
Sobre o uso do anticoncepcional, muitas mulheres acabam associando o longo período de uso à infertilidade. Mas, de acordo com o médico, não há provas científicas que isso interfira. “Antigamente , os médicos recomendavam que se fizessem “intervalos” sem a pílula de tempos em tempos , mas hoje em dia a recomendação não existe mais”, comenta Dr. Francisco. “Mulheres com vida sexual ativa e que não fazem mais o uso de métodos anticoncepcionais, podem engravidar em no máximo um ano”, diz.
Dr. Francisco comenta que diante desses aspectos abordados, é crescente a procura de muitas mulheres pelo congelamento de óvulos. “Essa técnica nos permite armazenar, de forma segura por vitrificação ( técnica de congelamento ), os óvulos dessas pacientes, com objetivo de que, caso tenham dificuldades para engravidar naturalmente no futuro possam ter a disposição óvulos próprios”, afirma.
Riscos da gravidez tardia
Os riscos de uma gravidez tardia podem ser contornados com uma preparação prévia e um pré-natal com acompanhamento adequado. “Quanto mais saudável estiver a mulher, maior a chance que os nove meses transcorram com tranquilidade”, diz Dr. Francisco.
O primeiro passo desta preparação é colocar a carteira de vacinação em dia. “Pelo menos três meses antes de engravidar, a mulher precisa se proteger contra rubéola, sarampo, caxumba, hepatite A e B e catapora”, comenta. Também não podem faltar os testes de sorologia para hepatite B e C e HIV.
Os problemas de saúde pré-existentes também devem ser analisados mais de perto no caso de uma gestação tardia. “Casos como os de hipotireoidismo merecem atenção especial porque são mais comuns em pessoas acima dos 35 anos e podem interferir numa gravidez”, orienta Dr. Francisco.
Mulheres portadoras de doenças crônicas, tais como pressão alta e diabetes também merecem atenção especial e aconselhamento do obstetra antes de tentar a gravidez. “O ginecologista que acompanha esta mulher deve fornecer informações quanto ao curso da gravidez quando se tem hipertensão arterial ou diabetes”, explica. Ainda segundo o médico, é importante que essas doenças estejam bem controladas antes da tentativa de engravidar, pois mesmo sem apresentar pressão alta e diabetes pré-existentes, essas condições se desenvolvem mais comumente em mulheres que engravidam após os 35 anos. “Como resultado desse risco aumentado, exames e monitoramento especiais durante a gravidez podem ser recomendados”, finaliza.