Técnica é utilizada no tratamento de tumores inoperáveis ou de pacientes com tumores que não apresentam resposta a outros tipos de tratamento, como a quimioterapia.
O Hospital Nossa Senhora das Graças (HNSG), de Curitiba, realizou pela segunda vez o procedimento de radioembolização, ou terapia de radiação interna seletiva, técnica utilizada para o tratamento de tumores hepáticos que é nova e ainda inédita no restante do Sul do País.
A radioembolização é restrita ao tratamento de tumores inoperáveis e metástases hepáticas que já não respondem ao tratamento convencional, como a quimioterapia, tornando-se mais uma ferramenta disponível no tratamento de câncer de fígado.
Pode beneficiar pacientes com câncer primário do fígado – quando a doença tem origem dentro do próprio fígado; ou câncer metastático – quando surge de outros órgãos. Após o tratamento, tumores inoperáveis podem se tornar operáveis.
Como é feita a radioembolização
A radioembolização para tratamento de tumor hepático é um procedimento minimamente invasivo e guiado por imagem, realizado por um radiologista intervencionista. Um cateter é introduzido em um vaso na altura da virilha do paciente por uma pequena incisão. As artérias que nutrem o tumor são identificadas e as microesferas são injetadas no interior do tumor.
“As microesferas de ítrio-90 alcançam as lesões hepáticas e agem no interior do tumor, por meio da radiação emitida”, explica Dr. Christian Bark Liu, coordenador da área de radiologia intervencionista do Serviço de Hemodinâmica do HNSG. Essas microesferas são minúsculas, alojam-se nos vasos sanguíneos e emitem radiação no local, destruindo as células cancerígenas.
O procedimento normalmente demora em torno de 60 a 90 minutos. A quantidade de partículas e a dose de radiação são previamente calculadas de maneira individualizada para cada paciente. “Na maioria dos casos o paciente recebe alta no mesmo dia ou no dia seguinte”, comenta Dr. Christian.
O especialista explica que, muitos fatores são importantes na decisão do tratamento. Para que ambos os pacientes fossem submetidos à técnica, o HNSG, que é referência no tratamento de doenças de fígado, conta com uma equipe multidisciplinar. “Fizemos um trabalho em conjunto com diversas especialidades”, diz Dr. Christian. Essa equipe multidisciplinar é composta por radiologistas intervencionistas, radiologistas, médicos nucleares, oncologistas, endoscopistas, e pelos hepatologistas e cirurgiões de fígado que fazem parte do Centro de Cirurgia, Gastroenterologia e Hepatologia do HNSG (CIGHEP).
De acordo com cirurgião geral Dr. Eduardo Ramos, do Centro de Cirurgia, Gastroenterologia e Hepatologia do HNSG (CIGHEP), a melhor forma de tratamento depende da situação de cada paciente. “O objetivo do tratamento é eliminar completamente o tumor. Quando isso não é possível, o tratamento tem como objetivo evitar que ele cresça ou se espalhe”, diz o médico. Segundo o especialista, fatores como idade, número de tumores, presença de cirrose, estado de saúde geral, presença de metástases e o desejo do paciente sempre são considerados.
A causa mais comum de tumor hepático é em pacientes com cirrose. “De 1 a 6% dos pacientes com cirrose apresentam o hepatocarcinoma anualmente”, diz Dr. Eduardo. Em 2022 o procedimento de radioembolização foi incorporado ao rol da ANS para tratamento de casos selecionados de hepatocarcinoma intermediário e avançado.
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Por Mônica Neves, em 12/06/2023.